No primeiro aniversário da tragédia de Pedrogão Grande, onde 66 pessoas perderam a vida, e a que mais tarde acresceriam outras 50 em Outubro, impõe-se um momento de reflexão sobre algo que quase parecia impossível mas que, infelizmente, era apenas uma tragédia adiada, num cenário que a potenciava e onde a convergência de um conjunto de factores era tudo o que era necessário para a desencadear.
Ao longo de anos foi possível olhar para o lado, esquecendo que todas as condições para uma tragédia estavam presentes, apenas porque esta teimava em não se concretizar, ou porque, quando uma situação potencialmente idêntica ocorria, não estavam presentes aqueles que, naquele local e naquelas circunstãncias específicas, seriam vítimas inevitáveis, sem qualquer possibilidade de fuga ou salvamento.
Ao longo de um ano, esta tragédia foi debatida, sob diversos pontos de vista, analizando questões estrutuais e conjunturais, as decisões dos vários intervenientes no comando das operações e o comportamento das populações, sendo inegável que, pela primeira vez, uma análise a um incêndio causou alarme social e teve um verdadeiro impacto a nível político, esperando-se ainda as consequências penais que ainda estão por determinar, mas tal não evitou que em Outubro os fogos devastassem grande parte do País.
Estamos crentes que, caso em Outubro não ocorresse uma nova tragédia, o que se passou em Pedrogão Grande e Góis seria tido como algo de tal forma excepcional que, face à improbabilidade da sua repetição, poucas consequências teria, exceptuando para alguns comandantes operacionais, e, obviamente, para as vítimas e todos quantos foram afectados, e estariamos hoje a lembrar os mortos perante os mesmos responsáveis políticos e num cenário em tudo idêntico ao que potenciou o sucedido.
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