Uma das consequências da greve dos camionistas, e de um dramatizar que nos parece exagerado face ao contexto da mesma e medidas adoptadas para minimizar os efeitos, foi o desaparecimento de outras realidades nacionais dos principais noticiários, que, essencialmente, complementaram as notícias sobre esta greve com uma especial incidência sobre o futebol, onde os incidentes e mercado, mais do que a vertente desportiva, assumiram protagonismo.
Desconhecemos se quer a dramatização de uma greve cujas consequências práticas foram diminutas, quer o alinhamento dos noticiários, tiveram algum tipo de intencionalidade, sobre a qual apenas se pode conjecturar, mas é evidente que outros problemas, alguns particularmente graves, foram largamente secundarizados, incluindo-se entre eles os incêndios florestais que, ao contrário do que pode parecer, continuaram activos.
Esta situação, infelizmente, não é inédita, sendo patente que a mediatização de eventos, eles próprios muitas vezes manipulados de forma a ter uma visibilidade que excede em muito o seu efeito prático, tende a concentrar a atenção de grande parte da população, fazendo esquecer que existe toda uma realidade extensa na sombra, esquecida dos noticiários, a qual tem, tantas vezes, uma importância muito superior à daquela que é permanentemente exposta por causar efeitos que, no limite, poderão ser permanentes.
A desproporção de meios, o elevado volume de serviços mínimos impostos, ou a forma como foi implementada a requesição civil, enquanto são mobilizadas forças policias e militares, não apenas para efeitos de manutenção da ordem pública ou da segurança de instalações, mas também para substituir trabalhadores grevistas, num crescendo que, efectivamente, quase se esgotou no primeiro dia, podia indiciar uma evolução diferente e um menor impacto da greve.
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