Igualmente grave, foi a posição não equidistante do Governo, o que, adicionando a militância partidária do porta-voz da associação patronal envolvida, dificulta, ou impossibilita, a sua acção arbitral, sendo certo que, para uma das partes, não possui a isenção necessária para que possa contribuir para uma solução equilibrada, do que decorre um escalar do nível de conflitualidade e uma maior animosidade por parte de quem se sente injustiçado.
No entanto, este conjunto de situações surgiu logo de início, altura em que o cenário ficou defenido, com escassas possibilidades de alteração porque de um lado o Governo já implementara as medidas legalmente disponíveis, podendo apenas variar a sua amplitude, e as partes em conflito, extremando as respectivas posições, colocavam-se numa situação onde um recuo sem compromissos prévios sugeria a possibilidade de um insucesso.
Seria, portanto, de esperar que, após um dia em que o impacto seria maior e a situação mais fluída e com maior grau de imprevisibilidade, a constatação de que o impacto da greve era menor do que o previamente anunciado pela comunicação alarmista do Governo, houvesse uma maior atenção à realidade nacional como um todo, incluindo nos alinhamentos dos noticiários situações que parece escapar, mas que têm consequências igualmente complexas, como a greve dos estivadores do porto de Setúbal ou a dos funcionários dos registos notariais.
O prolongar de uma situação que sabemos ser complexa, mas que os próprios protagonistas, pela estratégia que defeniram, parece querem eternizar, como se disso todos obtivessem alguma vantagem, que contrasta com os prejuízos generalizados de todos quantos são afectados directamente, ou que pagam com os seus impostos os custos resultantes da mobilização de meios do Estado, não pode resultar apenas de uma extrema inabilidade negocial dos dirigentes de ambas as parte, nem da parcialidade do Governo, que impede a sua intervenção como árbitro isento.
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