O excessivo optimismo facilmente leva a crer que o problema está ultrapassado, ou em vias disso, e o alívio sucessivo de medidas restritivas, anunciadas como vitórias, ou o absurdo anúncio da fase final de uma competição de futebol internacional, feita com uma pompa que roça o ridículo, apontam no sentido da diminuição do perigo e da necessidade de volta à normalidade, algo que muitos, por questões económicas, necessitam desesperadamente.
É de realçar que a pressão para muitos tem vindo a aumentar, sobretudo para aqueles que se viram forçar a optar por moratórias e que estão conscientes de que, quando estas acabarem e chegar a altura de começar a regularizar pagamentos, podem estar diante de uma autêntica tragédia, com perda de habitação e veículos, pressão de penhoras pendentes ou mesmo execuções fiscas e judiciais.
Para além da mensagem confusa e contraditória, com o irrealismo a retirar qualquer credibilidade, do que resulta, naturalmente a falta de confiança e, consequentemente, a indiferença face a instruções dadas por alguém que deixou de merecer confiança, passa-se ao incumprimento, à desobediência e a um caos quase generalizado, para o qual as forças de segurança não estão preparadas para responder.
As implicações são óbvias, sobretudo na zona da grande Lisboa, que foi sendo desestruturada e socialmente destruída ao longo dos últimos anos, previlegiando a indústria hoteleira, permitindo uma autêntica invasão de turistas e expulsando os residentes para a periferia, onde se acumulam em habitações com poucas condições e se vêm obrigados a utilizar transportes públicos superlotados.
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