sexta-feira, julho 03, 2020

O fim de um milagre - 5ª parte

Com a EMEL a repor os pagamentos diários, a destruição da rede de vias de circulação em prol de ciclovias e passeios mais largos, o que dificulta substancialmente o recurso ao transporte individual, de longe o mais seguro nesta altura, o risco de contágio aumenta exponencialmente, sem que existam soluções à vista, dado que a reposição das vias sacrificadas para ciclistas está fora de questão, compromentendo a circulação de veículos, inclusivé os que circulam em missões de socorro, pondo em causa a segurança das populações.

Quando o governo apontou para questões comportamentais, sobretudo a nível de jovens, que após o período escolar e todas as restrições impostas necessitam de alguma liberdade, escolheu uma solução simplista, que permitia responsabilizar terceiros, escondendo os problemas estruturais resultantes de um conjunto de opções erradas, baseadas unicamente nas receitas e sem ter em conta as implicações sociais deste caminho.

Naturalmente, nestas condições, após sacrificar populações em prol do turismo, a mensagem teria, forçosamente, de ser a de que Portugal é um destino seguro, única forma de recuperar um sector que assumiu uma importância que nunca devia ter atingido e coloca o país ao nível do terceiro mundo, para onde se dirigem turistas que tudo secam em redor, e que agora corresponde a um peso morto que pode arrastar outros sectores para o fundo.

A opção pela importância excessiva do turismo, sem ter em conta implicações desta escolha, nem a capacidade de prever quais as consequências se um dia, por qualquer razão, este sector colapsasse, acaba por ser um dos factores determinantes para a situação epidémica na grande Lisboa, onde existe uma grande concentração populacional, revelando-se menos grave no Algarve, menos populoso e onde a ausência de turistas em grande número permite manter a situação sob controle.

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