O decréscimo muito substancial na venda de veículos novos tem, como consequência imediata, o envelhecimento do parque automóvel, podendo ainda ocorrer um menor nível de manutenção das vias, como consequência das restrições impostas pelo confinamento e pela atribuição de verbas a outros fins, eventualmente prioritários, mas que abrem brechas noutros sectores.
Não aceitamos a explicação, demasiado simplista, que em poucos meses os condutores percam o hábito de conduzir, mas, por outro lado, consideramos que a degradação do nível de vida de muitos, e consequentemente algum desespero, resulte numa menor prudência, em comportamentos algo temerários, inerentes a quem tem um menor apreço pela própria vida, e daí resulte um maior número de acidentes graves.
Num país que não prima pelos cuidados a nível da saúde mental, a possibilidade de um maior número de condutores, para nos cingirmos a este universo, com tendências depressivas, eventualmente em estágios avançados que, no limite, leva a comportamentos que se aproximam de dos que são adoptados por quem começa a encarar o suicídio, é real e deve ser devidamente estudada e analizada, sendo nossa convicção que este será um dos factores mais relevantes a ter em conta.
Assim, apontamos para duas causas essenciais para o aumento da sinistralidade grave, sendo uma, talvez a mais consensual, a degradação do parque automóvel, fruto do envelhecimento e falta de manutenção dos veículos, e outra que, podendo ser mais polémica, nos parece a que terá mais peso, concretamente um comportamento que revela menos apego pela vida e do qual resultam uma condução mais arriscada e propensa a acidentes.
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