Ao invés, as decisões foram sendo adiadas, com a célebre reunião de dia 12 no Infarmed a ser o melhor exemplo daquilo que nunca se pode fazer, e o próprio calendário, estabelecendo dias de espera, transmitir a percepção da falta de urgência e, consequentemente, da normalização de atitudes de maior risco, que, face à mensagem transmitida, pareciam agora normais e socialmente aceitáveis.
Mesmo face a um galopante agravamento da situação, o governo manteve um rumo direito ao abismo, ignorando avisos de especialistas e números cada vez mais preocupantes, numa completa falta de capacidade para decidir, esperando, mais uma vez, que fossem os acontecimentos e a pressão popular, essa sim, alarmada com o número de mortos a ultrapassar as duas centenas por dia, a exigir medidas.
Nem assim foram adoptadas, de imediato, as medidas de confinamento e restrições capazes de controlar os danos, perdendo um tempo precioso com hesitações, quando toda a doutrina aponta para a absoluta necessidade de reduzir contactos, como única forma de controlar uma situação que, a cada dia, se revelava mais desastrosa e comprometedora para as populações e para a própria economia do país.
Sem capacidade para assumir os erros, mesmo o pedido de ajuda internacional, inevitável face à extensão da tragédia, foi efectuado da forma mais discreta possível, e muito tardiamente, com os primeiros observadores, que vieram estudar a situação, a chegar quando o número de mortes diárias rondava as 300 e todo o sistema de saúde parecia colapsar.
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