O anúncio da aquisição de 81 novos veículos de combate a incêndios florestais, parecendo positivo, é, na verdade, uma forma de ocultar a realidade, distraindo a atenção do que efectivamente se passa no terreno, enquanto se dá a ideia de que o Governo está a resolver um problema que assola o País anualmente e num período cada vez mais dilatado.
Em primeiro lugar, o anúncio é de uma dotação orçamental de 12.800.000 de Euros, sem prazo de concretização defenido, pelo que o anúncio da aquisição é abusivo e não traduz a realidade, sendo que este é apenas um detalhe de uma medida que, tal como é típico, não é mais do que deitar dinheiro sobre problemas conhecidos, sem atacar as causas, nem aumentar a eficiência dos meios já disponíveis.
Podiam ter sido anunciadas medidas de outro tipo, mais complexas, mas menos compreensíveis pelos eleitores, ou, simplesmente, a concretização de compromissos, como o pagamento das verbas em atraso aos corpos de bombeiros ou a actualização dos valores pagos pelos serviços prestados, mas tal passaria desapercebido e, aos olhos de muitos, teria pouca relevância no momento actual, pelo que, numa manobra de propaganda, a opção foi por um anúncio, que mais é um pré-anúncio, já que outros se seguirão, na altura da abertura do concurso, da encomenda, e sucessivamente, de modo a que uma mesma decisão, sem relevo estratégico, se replique.
Este anúncio, num dia em que vários autarcas, e muitos especialistas, criticam o combate aos fogos, apontando diversos erros, que vão muito para além do que se passa no terreno, envolvendo a tutela política, a quem caberia pedir reforços ao abrigos dos mecanismos europeus disponíveis para o efeito, sendo óbvio a forma como autarcas que suportam o Governo abordam a situação, apelando para à tranquilidade, enquanto os bens dos seus munícipes são consumidos pelas chamas.
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