segunda-feira, junho 23, 2025

Verificar sem testar - 1ª parte

>Decorreu um mês desde que as viaturas de combate a fogos florestais inspeccionadas na sequência de um acidente, ocorrido em Janeiro e do qual resultou a morte de um bombeiro e ferimentos noutros quatro voltaram a estar disponíveis, após uma verificação que, pelo comunicado emitido pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) parece ter sido, essencialmente, um processo administrativo.

Numa altura do ano em que as temperaturas sobem e a probabilidade de ocorrência de fogos florestais aumenta substancialmente, a disponibilidade de um conjunto de oito dezenas de viaturas recentes, com as especificações adequadas ao cumprimento de missões de combate a incêndios florestais faz toda a diferença, sendo difícil de justificar a sua imobilização prolongada num processo inspectivo que, para ser efectuado de forma correcta, demora tempo, sobretudo tendo em conta os recursos disponíveis e o número e características dos veículos envolvidos.

Entendendo a necessidade de voltar a dispor destas viaturas, a forma como o IMT se exprimiu, e citamos "cumprindo integralmente os requisitos legais exigidos para a sua circulação e utilização na atividade operacional dos bombeiros", não deixa de ser alarmante, sobretudo porque expressões como "verificação" ou "teste" não constam de um comunicado que versa, essencialmente, aspectos formais.

Os "requisitos legais", um conjunto de normas técnicas que determinam um vasto conjunto de regras a seguir, bem como qual o tipo de requisitos necessários para as empresas que procedem a este tipo de trabalho, sem um sistema de auditoria eficaz, que proceda a uma testagem sistemática, tal como acontece, por exemplo, na indústria aeronáutica, onde amostragens de cada componente são testadas e teste de montagem e funcionalidade são obrigatórios, podem aliviar a consciência do legislador, mas não resolvem os reais problemas de segurança no terreno.

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