É aceitável que a uma maior longevidade corresponda o aumento do número de habitantes em situação de vulnerabilidade devido a questões directamente relacionadas com a saúde, mas existe uma franca desproporção entre este aumento e o do número de óbitos e, o que é mais óbvio, um desvio que é estatisticamente injustificável por não acompanhar a evolução da distribuição etária nos anos mais recentes.
No entanto, e mais uma vez, uma gripe, sendo oportunista, explora outro tipo de vulnerabilidade, tirando partido do estado de fraqueza e das condições concretas das populações mais vulneráveis, nomeadamente da fraqueza resultande de uma má alimentação, pouco ou nenhum aquecimento dentro de casa e falta de hidratação adequada, factores agravados num clima de austeridade e perda de rendimentos.
Serão estes factores, que criam situações de oportunidade para vírus gripais, bem como a saturação dos serviços de atendimento hospitalares, os grandes responsáveis pelo aumento da mortalidade, admitindo ainda que, na conjuntura actual, o quadro depressivo que muitos enfrentam traduz-se na falta de vontade de lutar ou mesmo na própria desistência, resultando numa forma de suicídio passivo, cuja extensão permanece oculta.
Este comportamento, mais difundido do que muitos imaginam e difícil de detectar, raramente incluido nas estatísticas, é uma realidade há muito presente, embora com especial incidência em áreas específicas do País, como o Alentejo, onde estas situações são conhecidas e mais frequentes do que no Norte do País, resultando de um conjunto de factores diferenciadores a nível social, económico e mesmo religioso.
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