Recordamos que, em anos anteriores, embora com excepções, após um ano particularmente complicado tende a suceder outro, onde o número de ocorrências e a extensão da área ardida é francamente inferior, facto que tende a ser aproveitado politicamente e, de alguma forma, faz esquecer a tragédia que se vivera apenas doze meses antes, dando a entender que novas medidas e meios mais adequados evitaram a sua repetição quando, na verdade, esta decorre de um ciclo natural conhecido.
Passados quase dois anos após os grandes fogos de 2013, a regeneração natural de muitas das áreas atingidas, onde a Natureza impôs a sua vontade, povoando-as com diversos tipos de vegetação que cresceu de forma expontânea e desordenada, criou um cenário propício à repetição das tragédias vividas nesse ano e que a evolução nos anos mais recentes, onde a falta de investimento, a emigração e o abandono do Interior, vem agravar, facilitando a ocorrência e propagação do fogo.
Assim, não sendo possível prever, temos que admitir, e, infelizmente, esperar, que este ano os incêndios florestais tenham uma gravidade superior ao do ano passado, e os reforços anunciados recentemente, como o aumento do número de Equipas disponíveis para o combate aos fogos, sejam um paliativo, com algum impacto mediático, mas com escasso valor efectivo perante o estado actual do espaço rural e da sua decadência ao longo dos últimos anos.
Não é possível resolver problemas estruturais com medidas conjunturais ou casuísticas, pelo que observar a problemática dos fogos como algo que se pode obviar mediante um combate mais eficaz, atribuindo mais meios ou estudando melhores táticas, ou mesmo, indo mais longe, através de um conjunto de acções de prevenção, que possam incluir a limpeza de espaços rurais, a criação de acessos ou a implementação de zonas de descontinuidade, é redutor e apenas adia o inevitável, concretamente, a destruição do Interior do País.
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