Num dia quente, com o número de ocorrências a disparar, as declarações de responsáveis políticos, que se repetem, independentemente da cor partidária, responsabilizando comportamentos criminosos e focando-se sobretudo nestes, com incidência numa ou outra situação específica, demonstra uma manifesta incapacidade de assumir que não foi efectuado nada de relevante na prevenção dos fogos.
Verificamos uma manifesta desculpabilização, seja apontando para dados da Protecção Civil referentes ao mês anterior, altura em que condições climatéricas favoráveis determinaram uma baixa área ardida, seja para actos criminosos concretos, como ocorrências iniciadas durante a noite, altura em que instintivamente se aponta para mão criminosa.
Todos sabemos que existem comportamentos criminosos, e que estes são, em grande medida, incontroláveis, mas o facto de os fogos encontrarem condições propícias à sua propagação representa um factor decisivo não a nível do número de ocorrências, mas no total de área ardida e nos prejuizos causados.
Tal como insistimos desde há anos, o cenário está criado, pelo que, por muito que se lute, o enredo repete-se de forma quase inevitável, dados os condicionalismos existentes e a manifesta falta de ordenamento do território, sobretudo em zonas mais despovoadas e onde a rentabilidade dos espaços rurais é muito diminuta.
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