quarta-feira, agosto 23, 2017

Calamidade declarada - 2ª parte


Estas medidas, sendo uma forma de tentar atenuar o manifesto cansaço do dispositivo, inevitável após longos dias de operações desgastantes, não alteram o quadro geral, concretamente as causas estruturais que estão na origem da facilidade com que o fogo se propaga e as dificuldades que têm surgido na coordenação dos meios, incluindo comunicações em logística, onde a questão da alimentação nos teatros de operações assume especial relevância.

Sabendo-se que a Autoridade Nacional de Protecção Civil adjudicou a uma empresa espanhola o fornecimento de rações de combate, eufemisticamente designadas por "kits" de alimentação, e com prazo de entrega até ao final de Agosto, portanto com distribuição efectiva aos operacionais a poder ocorrer em data incerta em Setembro, o problema da alimentação não tem uma solução adequada.

Sobre a questão de alimentar operacionais numa frente de fogo com este tipo de alimentos, já nos pronunciamos no passado, sendo certo que este tipo de ração, pensado essencialmente para forças militares, num tipo de missão diferente, obedece a critérios distintos, o que implicaria, para a adequar ao fim proposto, a sua adaptação, algo que, manifestamente, não acontece.

Por outro lado, os custos inerentes a esta solução e a qualidade, quantidade e paladar destas rações, parece ser completamente desadequado, sendo possível, com logística adequada, proporcionar uma alimentação de melhor qualidade sem que tal incorra em custos substancialmente superiores, sendo que um eventual acréscimo mais do que se justifica face às necessidades reais dos operacionais na frente de fogo.

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