O jornal "I" começou a publicar partes do capítulo do relatório relativo ao incêndio de Pedrogão Grande que não foi publicado, alegadamente por incluir dados pessoais mas que, face à redação do relatório e autorização dos parentes das vítimas, parece ter sido ocultado por razões políticas, de forma e evitar o choque que algumas revelações trariam.
Este capítulo descreve, com a informação disponível e devidamente cruzada com dados de várias proveniências, o que sucedeu com cada vítima mortal, de forma promenorizada, revelando as tragédias pessoais dos que perderam a vida, do que resulta uma perspectiva completamente diferente do sucedido, até agora algo impessoal dada a abordagem em termos de conjunto e do processo decisional e respectivo enquadramento.
A tragédia pessoal de cada um vem confirmar a incapacidade de resposta dos meios de protecção e socorro naquele dia, o caos vivido, o abandono a que as populações foram votadas, a impossibilidade de obter informações, o pânico que levou muitos a fugir e as consequências das decisões de cada um, perdidos num labirinto de fogo e de abandono.
Os textos do "I" são de leitura difícil, desaconselhados aos mais sensíveis, mas a sua publicação é essencial para compreender, na medida do possível, o que sucedeu naquele dia trágico, dando uma dimensão aterradoramente humana a uma narrativa impessoal, onde os números substituiam os nomes, como forma de ocultar a crueldade de um acontecimento que, para quem estuda esta problemática, há muito que estava na iminência de acontecer, bastando para tal que coincidisse um conjunto de condições que o despoletasse.
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