segunda-feira, novembro 26, 2018

447 atropelamentos com fuga em 2017 - 3ª parte

A questão económica tem, infelizmente, um impacto severo a vários níveis, com os menos favorecidos a manter veículos antigos e, sobretudo, com escassa manutenção, sendo toleradas situações graves, como, por exemplo, pneus quase sem piso ou travões deficientes, do que decorrer uma manifesta falta de segurança e o aumento da possibilidade de acidentes.

A falta de recursos leva, igualmente, a que o número de veículos sem seguro ou sem inspecção continue elevado, numa cifra negra difícil de apurar, com a probabilidade de fuga a aumentar quando tal se verifica, na ânsia de evitar ser financeiramente responsabilizado pelos danos, patrimoniais ou não, resultantes de um acidente, sendo que, mesmo quando identificados, dificilmente poderão pagar as indemnizações determinadas pelo tribunal.

A péssima rede de transportes públicos, que se degrada diariamente e é completamente incompatível com as necessidades de mobilidade, e com isto não queremos dizer que esta tenha que ser em viatura particular, mas apenas nas condições de conforto e com uma demora consideradas aceitáveis, obriga, em muitos casos, a optar pela mais dispendiosa opção do veículo próprio, a única que, para muitos, permite cumprir os horários a que estão obrigados, independentemente do estado desta e dos riscos envolvidos.

Nesta franja, onde falta de recursos económicos para a manutenção de um veículo e cumprimento das obrigações inerentes à sua utilização dentro do estipulado legalmente, e a impossibilidade de usar transportes alternativos, encontra-se boa parte daqueles que optam por não prestar auxílio, sentindo um tipo de pressão que, de forma alguma, justifica tal atitude, mas que, inevitavelmente, a estimula, criando um cenário que favorece estes comportamentos criminosos.

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