Alcançar um equilíbrio entre a pressão popular, e o risco de desobediência, e a manutenção de um conjunto de medidas muito restritivas, é sempre complexo, sabendo-se que nestas alturas existe um espírito particularmente inventivo que permite contornar as normas em vigor, pelo que era inevitável algum tipo de cedência, ficando em aberto se esta foi feita da forma adequada.
O apelo ao bom senso e à responsabilidade individual, nesta altura do ano e sem recomendações, ou mesmo imposições, mais concretas, terá muito pouco efeito prático, podendo servir, sobretudo, para uma desculpabilização por parte dos decisores, que facilmente irão fazer transitar a responsabilidade para quem, cumprindo o estabelecido, não deixou contribuir para o alastrar da pandemia.
Também vemos aqui uma cedência ao ramo da restauração, que surge como beneficiada face a outros sectores de actividade, como o comércio de rua, para o qual não existem excepções comparáveis, numa tentativa de diminuir a crescente pressão deste, visível sobretudo na greve de fome e vigílias recentes, pelo que será de antever movimentos de revolta noutras actividades comerciais, igualmente muito atingidas pela pandemia.
Por outro lado, vemos muitos políticos e dirigentes empresariais a considerar que existirá um regresso à normalidade que será, aproximadamente, a situação vigente antes da pandemia, algo que, obviamente, nunca acontecerá, sendo certo que o Mundo mudou e, com isso, os hábitos alteraram-se, nalguns casos para sempre, o que irá prejudicar alguns sectores de actividade, enquanto beneficia outros.
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