quarta-feira, junho 02, 2021

Que autoridade resta ao Estado? - 5ª parte

É de realçar que a presença dos adeptos ingleses foi permitida porque, disse o Governo, estes chegariam no dia do jogo, seguiam directamente para o estádio, e regressariam de seguida ao país de origem, sem contactos com as populações locais, algo que não aconteceu, nem sequer foi planeado, pelo que se pode ver, o que significa que estamos diante de uma óbvia mentira, que nada pode justificar e apenas contribui para que as regras mais básicas não sejam respeitadas.

Naturalmente, quando tal acontece, a tendência para não respeitar disposições legais aumenta enquanto, por outro lado, a força para as fazer cumprir, sobretudo quando tal implica recorrer a uma solução mais musculada, diminui, resultando na situação actual, onde o Estado opta por não enfrentar quem, tendo alguma força, seja ela política, entendendo-se aqui a capacidade eleitoral, económica ou social, opta por desobedecer.

Mesmo que a situação em Lisboa continue a evoluir de forma desfavorável, não temos duvidas de que tudo será tentado para evitar um retrocesso no processo de desconfinamento, que, ocorrendo na capital do País e em ano de eleições autárquicas, seria interpretado como um falhanço a nível nacional e local, pelo que será de esperar que, entre pretextos e alterações de critérios, os interesses de dirigentes políticos se sobreponham aos das populações.

Prevemos, portanto, que no absurdamente longo prazo entre a detecção da subida de casos acima do limiar estabelecido e que implica um alerta, até à imposição de um retrocesso no processo de desconfinamento, e porque a evolução dos casos activos tende a aumentar, os critérios serão revistos, o que, podendo ser justificável, é facilmente interpretado como uma mudança a meio do jogo, uma espécie de batota que favorece a capital do País, do que resulta uma menor credibilidade do Estado e nova quebra da sua autoridade.

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