Basta recordar o sucedido noutros conflitos, onde a conquista de cidades implicou uma enorme destruição e inúmeras vítimas civis, num processo que se prolongou por meses, mesmo quando as operações envolviam centros urbanos de menores dimensões, quando comparados com as principais metrópoles ucranianas, para recear que estamos a chegar ao fim de uma primeira fase da guerra, passando agora para uma nova etapa, onde o sofrimento das populações pressionará os seus líderes a estabelecer acordos, mesmo que desfavoráveis.
Por outro lado, as sanções que visam a Rússia, terão um impacto substancial numa economia que não se encontrava ao nível das existentes nos países da Comunidade Europeia, mas será um erro ignorar a capacidade de resistência de um país que, mesmo sendo surpreendido pela extensão das sanções, se preparou para as enfrentar, bem como possibilidade de o povo, sentindo-se acossado, resistir ao que pode considerar uma agressão vinda do exterior, tal como o fez no passado.
Sendo as sanções uma faca de dois gumes, que não fere apenas quem visa, mas também quem as decide e implementa, assistiremos a uma resistência estóica de ambos os lados, resultando num desgaste e insatisfação crescentes, que serão mais controláveis em regimes onde a liberdade política e de expressão é menor, pelo que, sendo, indiscutivelmente, a Rússia o país mais penalizado, tal não implica que seja o primeiro a ceder ou a enviar sinais de que uma mudança é exigida.
Portanto, cremos que temos diante de nós alguns meses de forte contenção, com possibilidades de recessão, durante os quais a subida de preços será generalizada e substancial, estabelecendo uma pressão inflacionista a que já não estavamos habituados e para a qual os habituais mecanismos de estabilização podem não ser suficientes ou adequados, face à assimetria das consequências da crise que se avizinha e a forma diferenciada como afectará dos vários países atingidos.
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