Acresce, obviamente, o facto de, a contratação da totalidade dos meios poder ser virtualmente impossível, dada a sua completa indisponibilidade, independentemente dos valores oferecidos, com o prejuízo resultante para a operacionalidade de um dispositivo cuja descrepância entre o anunciado e o real é substancial.
Era de esperar que o Governo, através do Ministério da Administração Interna, minimizasse a falta de meios aéreos face ao previsto, alegando que o número do ano anterior já foi alcançado e que nunca tanto dinheiro foi investido no combate aos fogos, como se houvesse uma relação directa entre os valores dispendidos e a eficácia resultante, esquecendo todo um conjunto de factores que vão dificultar esta luta com o passar dos anos.
Dizer que nunca se gastou tanto como forma de minimizar um fracasso contratual, ou mesmo para justificar a falta de sucesso, é clássico quando a solução adoptada é largar dinheiro sobre os problemas, o que apenas pode os atenuar sem nunca os resolver, em vez de os atacar directamente nas suas causas estruturais, algo que implica um esforço prolongado e competências que parecem não existir nas estruturas decisoras.
Sendo essenciais, os meios aéreos, nem todos os reforços operacionais, não podem suprir a falta de medidas estruturais, ou sequer preventivas, que são sucessivamente adiadas, sendo patente que nem as tragédias se traduzem em mudanças, algo bem visível na zona de Pedrogão Grande, onde, seis anos após os devastadores incêndios que tantas vítimas causaram, as vulnerabilidades são as mesmas, contrariando promessas concretas que nunca foram cumpridas ou que, após um período inicial, foram imediatamente esquecidas.
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