Portugal quer excluir Huawei do 5G - 3ª parte

O custo do processo de implementação para as empresas, sobretudo para as de maiores dimensões, que têm características distintas e necessidade de integração de plataformas, será difícil de calcular, tal como o é o do verdadeiro impacto na economia nacional, sendo virtualmente impossível contabilizar o número de horas de trabalho perdidas, seja na sua totalidade, seja devido a uma degradação do desempenho das redes, sendo certo que em caso algum haverá uma compensação para os mais penalizados e menos ainda para o consumidor particular que será, basicamente, ignorado nesta complexa equação.

Quando aceitou o recurso à Huawei, era óbvio que o atraso na implementação do 5G, e Portugal foi dos últimos países da Europa a dispor deste tipo de rede, foi determinante, dado que seria necessário recorrer a outros fabricantes e depender da respectiva disponibilidade em termos de entrega, bem como do condicionamento aos modelos que estes produzem, mas também o impactos dos custos, que iriam levar a uma escassa adesão inicial, foi tido em conta, numa opção que, na altura, foi atribuída a questões de mercado.

Ainda não estamos certos que esta decisão se irá concretizar, sendo certo que o prazo dado significa que não será o presente Governo a assumir os custos, que serão elevadíssimos, mesmo que alegando que os equipamentos da Huawei em uso estarão parcialmente amortizados, dado que toda a estrutura de rede será revista, pelo que o dispêndio a realizar abrange modelos de outros fabricantes.

Esta decisão deve ser devidamente acompanhada, sendo certo que pode haver questões relevantes em termos de segurança, mas que, face aos custos e dificuldade de operacionalizar o processo, dificilmente será cumprido nos prazos estipulados, o que pode levar a um adiamento "sine die", que, tal como sucede frequentemente entre nós, irá resultar na inutilidade deste anúncio que, para além de agitar os mercados e poder resultar numa resposta por parte da China, não terá consequências práticas.