Serviços do Estado comprometidos por ataque informático - 3ª parte

Existe, ainda, um problema sério caso haja comprometimento de dados pessoais, algo que continua a ser negado relativamente a este ataque, como a usurpação de identidade, "phishing" ou outros crimes que se podem praticar com alguma facilidade quando dados alheios relativamente completos estão disponíveis, podendo resultar num autêntico pesadelo para as vítimas que, sem alternativa, confiaram os seus dados ao Estado.

Acresce o facto de have uma óbvia falta de literacia informática, do que resulta uma maior vulnerabilidade de muitos utilizadores, bem como uma mentalidade muito própria entre nós, de algum facilitismo e improvisação, com um nível de planeamento e antecipação fracos, o que facilita em muito a actividade de criminosos, sobretudo aqueles que têm uma maior apetência por ataques onde o conhecimento social e comportamental assume maior importância.

Não sendo típico have vítimas físicamente afectadas, tal não deixa de ser possível, caso o ataque comprometa sistemas de saúde e de transporte, mas os danos e prejuízos, directos e indirectos, que dificilmente são quantificáveis e cujo montante é raramente divulgado, pode comparar-se ao de alguns dos maiores desastres naturais, que merecem outra atenção e são muito mais eficazmente combatidos, com o Estado a continuar a ignorar alguns dos maiores perigos da actualidade, algo que apenas a falta de pressão popular permite.

Caso o verdadeiro custo deste tipo de ataques fosse devidamente contabilizado, incluindo-se desde a perda de produtividade ao preço da recuperação dos sistemas, passando pelo volume das fraudes cometidas com dados indevidamente acedidos, certamente a exigência popular para que houvesse um maior investimento na área da segurança informática seria maior e muitos erros seriam corrigidos, passando a vulnerabilidade informática a ser considerada de forma semelhante a outro tipo de riscos, hoje sempre presentes no pensamento da maioria.