A instabilidade é tanto mais grave quando a Europa e o Mundo atravessam sérios problemas e são necessárias decisões, muitas em áreas complexas e de grande importância, que terão impacto nos próximos anos, e que não estão ao alcance de um Governo demissionário e de uma Assembleia da República dissolvida, ambos com poderes e legitimidade limitada.
Acresce, naturalmente, o facto de, ao contrário do que alguns afirmam, este processo pode não estar terminado em dois meses, sendo quase impossível concluir que das eleições vai resultar uma composição da Assembleia da República capaz de garantir a estabilidade que permita aprovar um programa de governo e permitir uma governação efectiva no espaço de tempo esperado pelos mais optimistas.
A menos que estejamos diante de uma compulsividade que arrasta decisores políticos para uma arriscada sequência de interacções, mesmo sabendo quais os riscos corridos e as possíveis e lamentáveis consequências de um conjunto de decisões que, inevitavelmente, resultam numa escalada de atrição da qual, mais cedo ou mais tarde, originará o incêndio que ninguém quer, mas para o qual todos contribuem activamente, existe responsabilidade e culpa nas decisões de muitos e na imprudência de outros.
Enquanto não houver uma responsabilização efectiva dos decisores, que implique, em situações específicas, onde decisões consideradas como erradas, que contrariam a razão e o senso comum, não resultarem numa penalização que vá para além do âmbito da política, os interesses pessoais de quem dirige o País irão continuar-se a sobrepor ao interesse colectivo, sem que as sucessivas mudanças de protagonismo tragam as mudanças que há muito são necessárias.
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