terça-feira, julho 15, 2025

Com a verdade me enganas - 1ª parte

Em várias notícias, menciona-se o facto de a área ardida quase ter triplicado e o número de ocorrências ter aumentado em 68% face ao mesmo período do ano de 2024, sem mencionar o facto objectivo de no ano passado, com um Verão menos quente a alguma humidade, os números relativos aos incêndios floretais tenham sido francamente abaixo da média dos últimos anos.

Olhando para uma série mais longa, única forma de fazer uma análise minimamente objectiva, percebe-se que o substancial aumento em termos relativos ocorrido este ano tem como base não uma média, que podia referir-se aos últimos 20 anos, para se observar um intervalo de tempo suficientemente longo para excluir anormalidades estatísticas, mas um único ano, o que limita substancialmente o valor comparativo.

De forma análoga, se no ano anterior os números de ocorrências e fogos fossem particularmente elevados, estariam hoje os noticiários a passar a ideia de que em 2025 o combate aos fogos estaria a ser particularmente eficaz, transparecendo um tom triunfalista que permitiria a alguns responsáveis políticos vangloriar-se por algo que, em termos objectivos, carece de relevância.

Tal como é apresentada de forma quase constante, parece estarmos diante de uma tragédia nacional, no que parece ser uma forma de obter atenção para uma emissão televisiva, numa técnica conhecida, embora pouco séria, onde se recorre a títulos espectaculares, que podem ser verdadeiros, mas que, por descontextualizados, induzem em erro, levando o espectador a tirar conclusões erradas.

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