quinta-feira, julho 17, 2025

Com a verdade me enganas - 2ª parte

Todos sabemos que uma frase verdadeira, deviamente isolada e descontextualizada, colocada de forma isolada e recorendo a alguma insistência, tipicamente destinada a salientar situações de alguma gravidade, pode resultar numa das formas mais insidiosas de criar percepções erradas que, com o tempo e o aumento das partilhas, irá da origem a uma realidade alternativa que, por ter uma base de verdade, dificilmente será desmentível.

Apenas quem espere pelo desenrolar da notícia, o que significa não assistir apenas ao início, irá, aos poucos, pela voz de especialistas, perceber que os dados de 2025 não são alarmantes, mesmo que piores do que o ano anterior, e que, incluídos numa série longa, estamos ainda muito longe quer dos anos mais complicados, quer das próprias médias, pelo que, havendo sempre motivos para prudência, estamos longe de uma situação alarmante.

No entanto, se o anúncio da notícia e a nota de rodapé incidissem sobre um aspecto positivo, comparando os valores de 2025 com médias dos últimos anos, eventualmente seriam menos os que assistiriam integralmente à notícia, tornando-se óbvio que o sensacionalismo vende e, mesmo em orgãos de comunicação social sérios, esta tendência continua a singrar.

Dado que esta não é uma forma de alertar para o perigo dos fogos florestais, nem contribui de forma positiva para a segurança das populações ou para o sucesso das operações de combate, o que poderia justificar algum ênfase em dados descontextualizados, faria todo o sentido que as entidades reguladoras da comunicação social se manifestassem, instando a quem publica notícias a que o faça com o enquadramento que permita a extração de conclusões precisas e verdadeiras.

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