sexta-feira, julho 11, 2025

Vender o helicóptero antes de o comprar - 3ª parte

Neste caso concreto, vítima deste acidente sobreviveu e continua internada no Hospital de Coimbra, em estado grave, desconhecendo-se qual o impacto da lentidão do transporte desde o local do acidente até ao hospital de destino poderá ter tido no seu actual estado de saúde e em eventuais consequências para o futuro, sendo natural que, após a conclusão dos tratamentos seja averiguada uma eventual relação entre o tempo de socorro e a evolução do tratamento.

Dado objectivo é que o Estado português contratou um serviço da maior importância a uma empresa que não possuia meios próprios e que, após selecionada, foi em busca dos meios contratualizados, o que implica que nunca iria pagar mais aos contratados do que o Estado lhe pagou, mesmo que tal implicasse demoras no cumprimento do contrato, com todas as consequências que daí podem resultar.

Este tipo de negócio parece-nos absurdo, no fundo permite a qualquer empresa, sem património ou capacidade financeira, mesmo sem meios ou experiência, vencer um concurso e assinar um contrato com o Estado e usar como garantia do pagamento dos meios que necessita adquirir ou alugar esse mesmo contrato, colocando-se assim numa situação de vantagem face a empresas que fizeram investimentos e necessitam de os amortizar.

No entanto, para a empresa vencedora, que não precisou de efectuar investimentos, a margem de manobra é superior, dada a ausência de encargos e despesas prévias e o conforto conferido pelo contrato com o Estado, a que corresponde uma garantia do recebimento do valor contratualizado e que serve como forma de obter empréstimos em moldes favoráveis.

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