O termo deste programa, com grande mágoa para muitos e um manifesto sentimento de injustiça para o seu autor, marcou o fim de uma era na TV portuguesa, com o desaparecimento de um modelo de programas oriundo dos anos 50 e 60, onde uma pequena equipa era capaz de manter uma produção contínua, abordando de forma simples e directa, a problemática de um sector que, nos anos 90, se encontrava em franco declínio e, mais do que nunca, precisava de apoio.
Os anos 90 foram uma das décadas onde a Política Agrícola Comum, com os seus subsídios e quotas, determinou o fim de numerosas explorações rurais, para além do abate de grande parte da frota pesqueira, sacrificados a bem de uma pretensa modernidade que se revelou uma autêntica catástrofe para o País, repercutindo-se não apenas no sector primário, mas em toda a estrutura produtiva, contribuindo para o crescente desequilíbrio das contas externas e para a dependência alimentar face ao exterior.
A imagem deste declínio está bem patente na degradação de inúmeras pequenas produções agrícolas, no abandono dos espaços rurais, na desertificação do Interior ou no envelhecimento da sua população, cada vez mais privada de serviços públicos essencias, resultando de políticas oficiais, cujas vozes de contestação se tornou conveniente abafar.
Por altura do desaparecimento de José Sousa Veloso, aos 88 anos de idade, para além de lhe prestar uma justa homenagem, queremos lembrar as causas que sempre defendeu, nomeadamente as de um espaço agrícola forte e devidamente ordenado, com uma presença significativa na economia nacional, onde as populações locais encontrem ao apenas o seu sustento, mas também uma forma de prosperar e ultrapassar a crise que o País atravessa.
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