Se o aumento do número de acidentes, face à percentagem que representam no número de ingressos nas urgências, pode parecer pouco significativo, o facto é que, por incluir um elevado número de pacientes que obrigam a um atendimento prioritário, tem impacto no tempo de espera, podendo, ainda, implicar a imobilização mais prolongada de meios de socorro, seja pela extensão dos percursos a efectuar e pela dificuldade dos mesmos, seja pela falta de macas, o que imobiliza as ambulâncias por um período indeterminado.
O resultado óbvio é que se passa da cooperação entre socorro e prestação de cuidados de saúde para uma estranha forma de promiscuidade, resultando da interacção entre ambas um prejuizo mútuo, a diminuição da qualidade de serviço e, inevitavelmente, uma forte penalização dos utentes, que resulta em prejuizo muitas vezes irrecuperáveis, mas cujo real efeito, como consequência de múltiplas falhas de atendimento, pode apenas surgir no longo prazo e longe de qualquer escurtínio.
As reais consequências desta, tal como de outras vagas de frio, será futuramente traduzida nas estatísticas referentes ao atendimento hospitalar e nas da própria mortalidade, onde o desvio relativamente à média traduzirá o acréscimo de óbitos que possam, de forma directa ou indirecta, ser relacionados com as baixas temperaturas verificadas nestes dias.
No entanto, para além da frieza das estatísticas, seja do atendimento hospitalar, seja da mortalidade, e aqui será de incluir a referente aos acidentes resultantes das tentativas, por vezes desesperadas, para aquecer a habitação, recorrendo a lareiras ou equipamentos inadequados ao uso em interiores, as dificuldades e o sofrimento que resultam de uma descida de temperatura, que não podemos considerar extrema, deveria merecer uma reflexão mais atenta e a adopção de medidas por parte dos decisores, na sua maioria demasiadamente alheados dos problemas reais das populações.
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