Recordamos que houve quem apontasse para o aumento de quilómetros percorridos e quem mencionasse o problema da velocidade, sem averiguar das causas que levaram a um eventual aumento, tendo apenas um dos inquiridos mencionado o estado do parque automóvel, podendo neste mesmo campo adicionar a degradação das vias que, por sua vez, desgastam excessivamente os próprios veículos, agravando defeciências já existentes e originando novos problemas.
Assim, forma-se a ideia de que ninguém analiza as causas desta evolução negativa, ou quem o faz não tem a necessária competência, faltando uma visão abrangente, que enquadre a sinistralidade e as suas consequências num panorama mais global, como reflexo do estado do país, e não como um problema compartimentado que pode ser resolvido com medidas meramente sectoriais as quais, obviamente, apenas roçam a superfície da questão.
Para que melhor se entenda o enquadramento, nada mais simples do que fazer um paralelo com outras questões problemáticas, como a violência doméstica, e analisar a evolução de ambas, não apenas como um problema, mas como reflexo de um conjunto de questões que se têm agravado ao longo destes últimos anos, transmitindo uma mensagem da própria sociedade que os gera.
Como reflexo da sociedade, a sinistralidade revela o actual estado desta, exteriorizando os seus reflexos mais sinistros, misturando um conjunto de componentes que vão muito para além de questões técnicas, incluindo os seus estados de espírito, a sua forma de sentir e de estar, que se projectam na forma como enfrentam o dia a dia, onde a condução é uma das actividades que, para o melhor e para o pior, traduz muito do que vem do interior de cada um.
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