Naturalmente, estranhamos que alguém que enfrentou uma situação deste tipo, tal como quem participou em missões de alto risco, perdeu alguém próximo em acção, para citar exemplos comuns, não tenha um acompanhamento adequado e permaneça perto da zona do incidente, sendo de alertar para os efeitos nos militares do mesmo posto onde a militar falecida prestava serviço.
Acrescem factores que podem ser agravantes, como a idade, sendo certo de que a uma maior maturidade corresponde uma melhor compreensão de factos ou situações limite e a existência de mecanismos capazes de atenuar os seus efeitos, bem como o facto de, sendo mulher, enfrentar formas diferenciadas de violência e descriminação, das quais pode resultar um esforço suplementar, e para além dos limites, para ultrapassar este acréscimo de dificuldades.
Em termos abstractos, este trágico desfecho parece configurar uma negligência grave, que para além da questão do acompanhamento e da sua qualidade, deve ser encarado como resultante de uma opção errada, a de permitir a alguém que se encontra num quadro depressivo se isole e afaste de um conjunto de referências e âncoras que, mesmo que não revertendo a situação, constituem meios de alerta essenciais para a adopção de medidas preventivas.
É manifestamente necessário rever um conjunto de procedimentos que resultam de opções no mínimo imprudentes, mas que podem ir até à negligência, e que, ignorando um quadro particularmente complexo e perigoso, permitem uma rápida evolução no sentido do mais profundo desespero e para as consequências trágicas a ele associadas, como o agora sucedido vem, infelizmente, demonstrar.
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