É manifesto, e nem necessita de ser cientificamente demonstrado, não obstante as inúmeras provas que a ciência pode fornecer, que o clima se tem vindo a alterar, tal como um conjunto de factores não apenas ambientais, mas também sócio-económicos que alteraram em muito os cenários nos quais os fogos se propagam de forma incontrolável, criando situações cada vez mais propícias para a ocorrência de tragédias.
Há muito que estavam criadas as condições para que esta tragédia ocorresse, sendo apenas impossível prever quando e onde, mas não as consequências, embora sem as quantificar no respeitante ao número de vítimas, pelo que existe uma responsabilidade objectiva que deve ser atribuída a todos quantos, por acção ou incúria, contribuiram para criar um cenário onde este seria o único enredo possível.
O País, desequilibrado e desestruturado, parcialmente desertificado, encontra-se particularmente vulnerável, sem perspectivas de melhoras, com a atenção dos governantes a concentrar-se nos grandes centros urbanos, enquanto o interior rural se encontra cada vez mais abandonado, à mercê do seu destino e de alguns cuidados paliativos que assumem contornos de caridade.
Sendo um problema estrutural, não serão medidas avulsas, meramente conjunturais, nem sequer planos um pouco mais elaborados, que poderão resolver as inúmeras implicações resultantes das assimetrias regionais e de uma manifesta falta de solidariedade nacional, que mina a coesão do País, pelo que se impõe repensar Portugal como um todo, de forma integrada e numa perspectiva de desenvolvimento integrado.
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