Assim, a opção pelo investimento em meios aéreos será apenas aceitável como uma opção de curto prazo, por não oferecer o mesmo tipo de vantagens estruturantes que a profissionalização, sem descurar a importância do voluntariado, tem na disponibilidade e operacionalidade dos bombeiros e no próprio socorro das populações.
Neste período de autêntica calamidade, que vai muito para além de qualquer declaração oficial, não serão expectáveis grandes opções de fundo, apenas medidas de contingência que ataquem directamente a situação do momento, mas muito se perderá caso, após a inevitável acalmia, não houver uma reflexão profunda acerca das causas primárias dos incêndios, evitando, como até agora, uma visão tão parcial que resulta, inevitavelmente, ineficaz e particularmente perigosa.
Os relatórios e pareceres que serão disponibilizados, para além das causas directas, necessitam de ir mais longe, procurando a origem dos problemas, que está muito para além da investigação de um conjunto de situações concretas, as quais, não obstante a sua enorme gravidade, revelam uma visão demasiadamente parcial, onde um conjunto de fenómenos raros, apesar de naturais, facilmente esconde o essencial, dirigindo os decisores políticos no sentido do facilitismo que tem imperado até hoje.
No passado, verificou-se uma franca incapacidade, ou falta de vontade, de aprender com os erros mas hoje existe um enquadramento diferente, não apenas como consequência da tragédia de Pedrogão Grande, mas também porque a Presidência da República está mais alerta e dificilmente aceitará as explicações e pseudo-soluções que foram utilizadas no passado para iludir quem pouco estuda uma problemática tão complexa como as causas primárias dos incêndios que devastam anualmente o País.
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