sexta-feira, setembro 08, 2017

Falar antes de pensar - 2ª parte

A ideia de que um conjunto de medidas avulsas, ou que, na melhor das hipóteses, ataquem um problema sectorial sem resolver causas estruturais profundas, demasiadamente complexas de abordar por parte de quem não pretende investir nem sequer no seu estudo, quanto mais na sua resolução, que implica um longo processo de reversão de muito do que de errado se fez e demorará décadas a ter efeitos palpáveis, prevalece ao longo das últimas décadas, independentemente dos governos e dos titulares das pastas.

O estudo que um conjunto de especialistas, que analiza o sucedido na zona de Pedrogão Grande, poderá trazer algumas ideias, mas dependendo da abrangência e da extensão das conclusões, dependerá a sua utilidade para implementar novas políticas que necessitam, para ser eficazes, de ir muito para além das causas directas da tragédia, fixando-se no enquandramente que lhes deu origem, criando as condições objectivas para o sucedido.

No entanto, um estudo, por muito válido que seja, e já os houve no passado, tem o valor resultante da sua aplicação prática, sem o que não passa de um exercício teórico com maior ou menor valia que, facilmente, poderá ser reduzido a uma mera arma de arremesso política, altura em que será virtualmente reduzido a nada, perdendo-se para sempre no caos da luta partidária.

Seja pela experiência do passado, seja pela abordagem no presente, duvidamos que exista uma vontade real de atacar o problema pela raiz, seja pelas implicações nas várias vertentes abrangidas, seja pelos vultuosos investimentos a realizar, seja mesmo porque, indo muito para além de qualquer ciclo eleitoral, os recursos disponíveis serão canalizados para projectos de curto prazo, cujos resultados sejam visíveis antes dos eleitores avaliarem uma legislatura.

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