Foi a intenção de contratar meios pelo menor valor possível, e tal é positivo caso não se entre pelo irrealismo que torne o concurso pouco ou nada atractivo, que levou a uma situação lamentável, que denota falta de conhecimento deste mercado complexo, onde os meios são escassos face às necessidades, e o aproximar da época crítica e da alocação dos meios disponíveis a outros países, dificulta ainda mais a solução.
Face à devastação do ano passado, será de esperar que este ano os fogos sejam menos devastadores do que a média dos últimos anos, o que diminuirá o impacto negativo da falta de meios aéreos, sendo possível que estes, mesmo em menor número, possam ser os suficientes para as ocorrências, mas ficará em aberto a vertente política e os efeitos que o falhanço na contratação e mobilização de meios terá depois das tragédias do ano passado.
Independentemente do que acontecer, o fracasso negocial e a falha na preparação do dispositivo irá pesar na luta política e, caso se verifique uma nova tragédia, o impacto será particularmente severo, com responsabilidades a serem dirigidas à estrutura política, incluindo não apenas o MAI, mas a própria chefia do Governo que, em vésperas de eleições, obviamente não quer ser associada a uma catástrofe para cuja responsabilidade contribuiu.
Toda a condução do processo foi manifestamente errada, sendo eco de muitas outras onde o irrealismo resultante da obrigação de restrições financeiras, as mesmas que são patentes nas mais diversas áreas, levam a adiar soluções que, quando qualquer novo adiamento se revela impossível, implicam más decisões, onerosas e ineficazes, cujo objectivo pode ser mais político do que prático, protegendo quem errou e não quem corre o risco de se transformar em vítima.
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