A ausência de populações tem outra consequência, nomeadamente a nível de reacendimentos, sendo de esperar que, sem que os habitantes locais os controlem e com os operacionais deslocados para frentes de fogo activas, a probabilidade de estes darem origem a incêndios de alguma gravidade aumenta, criando situações complexas e obrigando a novas movimentações de meios que seriam necessários noutros locais.
Sem a orientação das populações locais, já que os bombeiros locais estarão empenhados no combate dificilmente reforços provenientes de outros concelhos, por vezes habituados a uma orografia completamente diferente, poderão operar eficazmente, sobretudo durante a noite, sem que disso decorra um risco inaceitável, pelo que a janela de oportunidade que resulta de condições climatéricas mais favoráveis se perde face à diminuição das acções.
No entanto, estas alterações não implicam uma maior confiança nas autoridades, sendo manifesto que a desconfiança decorrente do ano anterior se mantém, patente na inversão de trânsito numa auto-estrada, face a uma situação controlada, ou a obstrução à evacuação, com as vítimas mais graves a ocorrer durante uma fuga, possivelmente como resultado de pânico e da falta de conhecimento do terreno.
Aliás, a forma como o Estado, através das diversas entidades envolvidas tem abordado a questão dos incêndios, seja por estarem envolvidas em polémicas, como no apoio às vítimas dos incêndios do anos passado, seja em contradições, perseguindo os proprietários que não limpam os terrenos, por vezes por falta de recursos, enquanto a vegetação chega às estradas, propriedade do próprio Estado, que também não limpa adequadamente os seus terrenos, dificilmente inspira confiança às populações.
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