Medidas temporárias, como a declaração da situação de alerta, do que decorre, por exemplo, a proibição de queimadas durante a vigência deste alerta, numa altura em que os trabalhos de limpeza das matas não estão concluídos, mesmo que isso corresponda a ultrapassar prazos legais, pode adiar esses procedimentos para uma altura onde o risco seja superior ou, simplesmente, impedir a sua realização, com as consequências que facilmente se podem adivinhar.
Este é o tipo de medida causuística, sem qualquer impacto estrutural, nem sequer com efeitos a curto prazo, dado que o efeito se extingue com o seu termo, podendo levar ao acumular de um conjunto de actividades de risco no seu termo, pelo que não seria de espantar que nessa altura surja uma nova vaga de incêndios, resultante da simultaneadade de queimadas, devidamente autorizadas e adiadas, num momento em que os meios disponíveis durante o alerta já foram desmobilizados.
Sendo pouco previsível que venha a chover o suficiente durante os próximos meses para repor os níveis de água de modo a que atinjam, pelo menos, os valores médios, o abastecimento de água às populações por auto-tanque deve ser, desde já, previsto, equacionando-se qual o impacto que a dispersão deste tipo de meio terá no dispositivo de combate aos incêndios, bem como o que pode resultar do desgaste adicional e da possível imobilização de algumas viaturas deste tipo.
Com uma opção pela protecção da vida humana, mesmo que sacrificando bens e o próprio espaço rural, algo particularmente evidente nos incêndios no Algarve, o impacto deste Verão na desertificação e subsquente empobrecimento do Interior pode ser relevante, contribuindo para o abandono destes espaços permanentemente prejudicados por opções políticas descriminatórias que favorecem os grandes centros urbanos, onde a riqueza e previlégios é o contraponto da actual ruralidade.
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