Assim sendo, apenas se faz o que tem pouco impacto nas contas do Estado, legislando de forma abundante, criando uma extensa profusão de instrumentos legais sem suporte efectivo, na sua maioria inaplicáveis por falta de meios e inadequação à realidade, podendo o maior efeito ser o aumento das receitas provenientes de coimas e um maior abandono do Interior, que apenas tem algum relevo noticioso pelas piores razões.
Não temos dúvidas que o pior ainda está para vir, podendo, tal como em anos anteriores, ocorrer em Setembro e Outubro, sendo que este ano, um par de anos após os trágicos fogos de 2017, a possibilidade de ocorrência de grandes incêndios está muito presente, não tendo sido efectuadas alterações que mudem substancialmente o cenário então existente, nem sido introduzidos melhoramentos suficientemente relevantes a nível do combate que façam prever uma maior eficácia.
Depois de um início de Verão particularmente tímido em Portugal, ao contrário do que sucedeu noutros países europeus, onde as temperaturas atingiram novos máximos, tendo-se verificado alguma chuva, a inevitabilidade da chegada do tempo quente e seco, sucedendo às condições descritas e aos factos mencionados, levanta sérias preocupações, com a possibilidade de as terríveis condições que deram origem à tragédia de Pedrogão ou aos incêndios de Outubro de 2017 se poderem repetir.
Com a maior diferença a residir num maior nível de alerta das populações, cuja capacidade de defesa e reacção diante de um incêndio aumentou, tal como a percepção dos diversos perigos e das atitudas mais correctas a adoptar, este Verão tardio irá testar ainda um dispositivo que, em caso algum, pode compensar a falta de uma perspectiva política correcta e consequente, que veja o território nacional como um todo, na sua complexidade e multiplicidade, e deixe de ignorar o Interior, cada vez mais abandonado e deserto.
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