segunda-feira, dezembro 16, 2019

2 horas para socorro no centro de Lisboa - 4ª parte

Tal leva-nos, naturalmente, para outro conjunto de problemas que, afectando directamente o socorro, decorrem de opções que lhe são alheias, onde esta vertente é completamente ignorada, mas que tem consequências óbvias, sendo de verificar os dados estatísticos, que necessitam de ser confirmados por auditorias externas, de modo a aferir qual a evolução do tempo de socorro, bem como as causas que podem ser apontadas para o mesmo e que são, sem dúvida, muito diversas.

Por outro lado, surgem dúvidas em termos de planeamento e da integração dos vários sectores, sobretudo a nível da forma como se afectam ou interagem, numa falta de perspectivas globais que geram, para além de incompatibilidades, todo um conjunto de efeitos secundários da maior gravidade que, tantas vezes, superam as escassas, ou duvidosas, vantagens que são permanentemente anunciadas como solução para alguns dos problemas com que o País se depara.

Neste espaço de duas horas, e não obstante o esforço dos elementos que acorreram ao local, a vítima acabou por falecer, algo que, independentemente dos meios, poderia ter sucedido, dada a sua fragilidade, mas que nunca poderia ter ocorrido desta forma, que consideramos violar princípios básicos da dignidade humana, com o Estado a revelar-se incapaz de cumprir a sua missão de proteger os cidadãos.

Naturalmente, se tal ocorre no centro de Lisboa, onde existe, supostamente, uma maior concentração e disponibilidade de meios, temos que nos interrogar quanto ao que sucede em áreas mais remotas, onde as distâncias aumentam, os recursos são mais escassos e o escrutínio será francamente menor, sobretudo sendo cidadãos anónimos, cujo destino não será analizado da mesma forma pela comunicação social.

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