Temos que nos interrogar quantos casos semelhantes ocorrem, sobretudo em zonas mais remotas, e que nunca são noticiados ou investigados, ficando apenas na memória dos entes queridos da vítima, por vezes incapazes de exigir um inquérito, para o que basta participar a ocorrência ao Ministério Público e à Inspecção-Geral das Actividades em Saúde, pelo que ficam ocultos da opinião pública e sem as devidas consequências, premiando a irresponsabilidade e, no limite, a negligência, que pode assumir os mais diversos contornos.
Só com uma denúncia constante, com queixas por parte das vítimas, ou dos seus familiares, com o aumento da pressão da opinião pública, será possível inverter um rumo que se afigura ser no sentido da tragédia, obrigando o Estado a revelar os dados referentes ao socorro, incluindo os meios efectivamente disponíveis, não os nominais, bem como os tempos de resposta e de efectivação das missões de socorro, incluindo-se aqui os meios envolvidos e as consequências para as vítimas.
No meio da actual opacidade, onde imperam esclarecimentos dúbios e desmentidos absurdos, que apenas contribuem para o aumento da dúvida e da revolta, o número de vítimas continuará, inevitavelmente, a aumentar, mesmo que oculto por estatísticas concebidas para tornar tão pouco claro quanto possível aquilo que para o cidadão comum já é mais do que evidente, e em que acredita, seja como resultado da percepção inerente ao senso comum, seja como consequência da falta de confiança nas instituições.
O socorro, tal como o sistema de saúde em que se integra, atingiu um nível de disfuncionalidade inaceitável, comprometendo a segurança dos cidadãos, que nele não confiam, independentemente do que afirmam os titulares dos cargos públicos que o supervisionam, pelo que urge tomar medidas urgentes, bem como responsabilizar de forma efectiva quem, pelas suas acções ou omissões, permitiu esta lamentável e vergonhosa evolução.
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