Naturalmente, o facto de haver a registar uma vítima mortal e um número de feridos elevado, a que acresce toda a destruição verificada, vai dificultar a narrativa de sucesso, mas, com um misto de desculpabilização e de dados comparativos criteriosamente selecionados para dar a entender um panorama distinto da realidade, será dado um primeiro passo para esconder o que realmente aconteceu, como primeiro passo para ser, num futuro mais ou menos longínquo, transformado num sucesso que, na verdade, só o será a nível de propaganda, caso esta mensagem passe.
Transformar derrotas em vitórias através de mera propaganda, contando com a resignação e fatalismo que parece ser inerente à nossa cultura nacional, tem permitido que uma situação vergonhosa, que vitimiza milhares de residentes no nosso País, incluindo-se todos aqueles que são fortemente prejudicados e vêm o seu futuro gravemente comprometido, seja permamente, enquanto o Estado, com os seus apoios, por vezes miseráveis, mantém como reféns todos aqueles que nada mais possuem.
Quando esta vaga de fogos terminar, inevitavelmente, chegarão os anúncios dos apoios, dados pelo mesmo Estado que permitiu a tragédia acontecer, sendo que, para muitos, serão os apoios, com toda a dependência que criam, que reflete a acção das autoridades, esquecendo que agradecem uma esmola ao mesmo que a entrega como compensação pela destruição causada pela sua incompetência e inação.
Estamos habituados, e completamente imunizados, a esta propaganda, misto de desculpas, inevitabilidades, responsabilização alheia, incluindo-se aqui factores naturais, que constroi uma realidade alternativa, onde as poucas coincidências com a verdade, criteriosamente selecionadas, apenas tentam credibilizar um discurso que devia envergonhar quem o profere enquanto insulta quem o escuta.
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