Com uma semana de incêndio na Serra da Estela, as fragilidades do País ficam amplamente demonstradas, e estas não se centram no combate, embora de todos os lados cheguem pedidos de reforços de meios, sendo patente que o que todos chamam causas estruturais, e que usam esta palavra para designar algo de imutável ou intocável, cuja alteração pode causar a ruina do País, está na origem não do fogo, mas da forma como se propaga, tornando inviável o combate.
O apelo incessante aos meios aéreos, que nunca são ou serão em número suficiente, traduz bem a realidade de um território inacessível e perigoso, onde o combate por terra enfrenta demasiadas limitações, inclusivé em termos de mobilidade, sobretudo em áreas protegidas onde acessos e aceiros são virtualmente inexistentes, impossibilitando não apenas as manobras, mas a existência de alternativas que permitam uma retirada em segurança.
Neste cenário, onde o combate por terra enfrenta dificuldades acrescidas, vendo-se muitos meios parados, por impossibilidade de participar nas operações, temos que nos interrogar se, para além de uma manobra de propaganda, estes novos veículos trariam algo de novo, para além da possibilidade de substituir meios mais antigos, num país onde os recursos humanos também escasseiam, sobretudo no Interior, o que levanta graves problemas de recrutamento, não apenas resultantes do crescente desiquilibrio demográfico, mas também da indiferença com que o poder central, e seus delegados, mesmo os eleitos localmente, aborda todo o complexo problema dos fogos.
A aquisição destes veículos, actualmente, não passa de um anúncio, cuja concretização pode ou não ocorrer, e que, anunciada num momento em que os incêndios assolam o País, não passa de uma triste resposta de quem pouco ou nada tem contribuído para resolver um problema complexo mas que, nem por isso, pode ter a solução continuamente adiada, ficando ao nível da mera propaganda, área em que, efectivamente, muitos políticos nacionais se têm especializado, por vezes contratando especialistas na matéria, quando, por muito menos, podiam ter contratado quem pudesse contribuir para uma verdadeira solução.
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