segunda-feira, junho 09, 2025

Judiciária investiga adjudicação de meios aéreos para combate aos fogos - 3ª parte

No caso desta investigação, o limite temporal parece-nos demasiadamente reduzido face ao período durante o qual estes intervenientes têm estado presentes no combate aos fogos por via aérea, não havendo risco de prescrição dos crimes com moldura penal mais elevada caso se recue alguns anos, o que permitiria ter uma visão mais ampla e abrangente de um problema que se discute desde há muito mas que tende a ser apenas lembrado na altura dos concursos para adjudicação de meios aéreos.

Algumas empresas, como a Helibravo ou Heliportugal, há muitos anos que dominam este tipo de mercado, mas também a Helifly ou HTA, com participação de outros intervenientes de menor relevo, mas sempre com evolvimento de entidades oficiais ao nível da Protecção Civil e da Força Aérea, sendo sempre de averiguar se existe algum tipo de conivência ou complacência a nível governamental, algo que, em Governos anteriores, parecia ser uma realidade.

A expressão "Máfia do Fogo" é utilizada desde há muito, seja por entidades ligadas ao combate aos fogos, seja pela comunicação social, salientando que em redor deste flagêlo que tantas vidas custou e tantos prejuizos causou, existem negócios escuros e uma ligação entre diversos protagonistas que continuam a lucrar enquanto o País é devastado, sendo manifesto que, até hoje, pouco foi feito para desmantelar este cartel e punir os seus responsáveis.

Esperamos que esta investigação esclareça cabalmente todos os estranhos processos de contratação de meios aéreos com que nos temos deparado ao longo dos últimos anos e sobre os quais existem, desde há muito, suspeitas de ilegalidades, com o Estado a pagar valores muito superiores aos previstos para contratar um conjunto de meios que são de tal forma essenciais para o combate aos fogos que a sua dispensa é, em termos práticos, impossível.

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