segunda-feira, março 23, 2009

Um Março de chamas


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Um incêndio florestal

As primeiras três semanas deste mês de Março foram das piores dos últimos anos em termos de incêndios florestais, com mais de milhar e meio de ocorrências registadas pela Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) e números que apontam para um crescendo.

Este ano já morreram pelo menos quatro pessoas em queimadas que deram origem a outros tantos incêndios, ocorridos nos concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro, Penamacor e Pombal, facto algo ignorado pela comunicação social, mas que deve recordar a todos o peso que têm os fogos em termos de perda de vidas humanas.

As queimadas, necessárias e tradicionais, mas extremamente perigosas quando realizadas com tempo quente, tal como tem sucedido nestes últimos dias, nos quais as temperaturas têm sido superiores ao habitual, colidindo assim com alguns hábitos enraizados que apontam para esta época do ano para realizar queimadas.

É manifesto, seja pelos dados da meteorologia, seja pelos testemunhos escutados, que o clima tem mudado substancialmente nos últimos anos, mas esta alteração não tenha sido acompanhada por novas atitudes em termos de prevenção e planeamento e, menos ainda, no calendário agrícola seguido por muitos proprietários rurais que usam como base as datas tradicionais.

A combinação de factores que contribuem para o aumento de ocorrências de incêndios florestais em épocas onde estes tradicionalmente ocorriam em menor número devem-se a factores derivados da acção humana, alguns dos quais têm implicações a nível ambiental, acabando por se confundir causas e efeitos, muitos dos quais surgem como inevitabilidades.

A passividade, a resignação e a contínua desculpabilização, reforçadas pela falta de planeamento adequado como resposta a alterações evidentes que deviam obrigar a repensar toda a estratégia de combate aos fogos e o próprio planeamento rural são, efectivamente, os responsáveis que alguns tentam fazer confundir com factores exógenos e incontroláveis, que mais parecem resultar de uma maldição do que da sua própria inacção.

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