terça-feira, junho 09, 2009

Eleições: em vez de motivar, obrigar - 2ª parte


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Uma raridade, um português a votar

O maior risco de obrigar a votar não é o exponencial aumento de votos brancos e nulos, mas quando estes leitores, sentindo violados os seus direitos, apoiem forças políticas que, através da manipulação e do populismo atraiam uma substancial parte dos novos votantes, dando assim origem a uma situação de completa ingovernabilidade resultante de um balanço parlamentar absurdo.

Se imaginarmos que dos perto de metade dos 70% de eleitores que não votaram nestas últimas eleições para o Parlamento Europeu optassem por um voto de protesto, teriamos perto de 35% de votos depositados nas urnas unicamente como acto de revolta, contra os 30% que votaram por convicção.

Este pequeno exercício é, obviamente, um exagero, uma possibilidade levada ao limite, mas, mesmo reduzindo o número de votos de protesto, estes podem atingir números extremamente altos, capazes de impedir maiorias parlamentares estáveis e paralisar a actividade legislativa, sendo que, após esta opção pela obrigatoriedade, pode ser difícil voltar atrás, independentemente das consequências que daí resultarem.

A eventual obrigatoriedade do voto traduz, portanto, o facilitismo e a falta de trabalho sério de uma classe política que pensa que é possível aparentar alguma forma de interesse popular recorrendo a um mero acto legislativo, colocando Portugal entre os países com maior participação eleitoral nas estatísticas europeias, enquanto optam por ignorar as razões que levam tantos eleitores a optar pela abstenção.

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