Sendo necessária a adopção de medidas de contingência, inevitáveis face às tragédias do último Verão, estas não podem fazer esquecer a essência do problema, mitigando-a e afastando da atenção de decisores e do público em geral, como forma de adiar algo que sabemos ser complexo e oneroso, consumindo, inevitavelmente, recursos substanciais num investimento que só a médio e longo prazo, muito para além de quaisquer calendários eleitorais, terá um retorno visível.
Reordenar um território devastado, profundamente assimétrico, com desequilíbrios extremamente graves, entre os quais o populacional ganha especial relevo, não apenas devido ao número, mas sobretudo como consequência de uma distribuição ectária comprometedora do futuro, não se compadece com imediatismos ou facilitismos, sobretudo na fase de planeamento, para a qual devem ser chamados os melhores, independentemente da sua proveniência, relevando o mérito e os conhecimentos de cada um e pondo de parte quaisquer tipos de conveniências.
A participação directa das populações, sobretudo nas áreas onde as alterações terão que ser mais profundas, é absolutamente essencial, não apenas como forma de auscultar o seu sentir, mas também para evitar que intermediações desvirtuam ou filtrem o que são anseios legítmos, mesmo que possam resultar irrealizáveis na actual conjuntura, constituindo contributos essenciais num planeamento que se quer em função do todo, mas também do indivíduo, como forma de garantir a aceitação, colaboração e empenho de todos.
É necessário um amplo consenso, que ultrapasse as habituais disputas politico-partidárias, bem como o envolvimento das populações locais e da sociedade civil para que um programa cuja implementação abrangerá diversas legislativas não acabe manipulado e reduzido a uma arma de arremesso em disputas eleitorais, onde os inevitáveis sucessos e fracassos serão disputados ou atribuídos, podendo comprometer o resultado final.
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