Tendo em conta a complexidade da evolução das chamas, da variação das condições climáticas ou de um conjunto de factores ambientais, bem como as reportadas falhas de redes de comunicações, será de prever uma longa disputa legal, com tentativas sucessivas de fazer transitar a responsabilidade ou de a diminuir com base nos diversos atenuantes conhecidos.
Sendo certo, segundo os dados conhecidos, que houve falhas a vários níveis, inclusivé a nível superior, porque aqueles que não estavam à altura das responsabilidades que assumiram foram nomeados por alguém, que foi escolhido por uma tutela política, esperamos que o apuramento não se restrinja apenas aos actores directos, mas também, e sobretudo, aos que contribuiram para que o cenário fosse criado, do que decorreu o sucedido.
Raramente se apuram por completo as responsabilidades de uma tragédia, com a diluição desta pelos numerosos intervenientes, esbatidos por circunstâncias consideradas atenuantes, mas que elas próprias são, em muitos casos, o resultado de negligências e erros, e protegidos pela sempre presente inevitabilidade, consubstanciada na falta de sorte tradicional que persegue os incautos e todos aqueles que descuram os seus deveres.
Estamos conscientes de que, mesmo que o processo tenha sido adequadamente instruído e baseado num conjunto sólido de provas, a sua complexidade irá dificultar condenações, mesmo face à tentação de responsabilizar, ainda que de forma muito moderada, alguns dos intervenientes, como forma de apaziguar a opinião pública e evitar a revolta contra o sistema judicial, no que pode resultar numa flagrante injustiça que irá penalizar, sobretudo, os mais vulneráveis de entre os acusados.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário