Esta falta de planeamento, a incapacidade de antecipar cenários e preparar soluções, é muito habitual entre nós, esperando-se um milagre que evite consequências graves, tal como um navio que se dirige para um icebergue esperando que, antes do impacto, este seja desviado pelas correntes ou, pura e simplesmente, se derreta, se não totalmente, pelo menos o suficiente para que não haja uma tragédia.
No fundo, transpondo, é o mesmo que sucede quando se espera que o vento mude no momento certo para que o fogo não alastre, que a seca seja minimizada por uma inesperada queda de chuva que caia fora de época sem prejudicar culturas, que as vagas não atinjam as edificações autorizadas presentes na linha de costa, ou uma inundação evite as linhas de água onde alguém autorizou a construir, na esperança de que tudo corra pelo melhor, mesmo que tal seja simplesmente o controle de danos efectuado pelo socorro às populações atingidas.
Diz-nos a experiência que a probabilidade para que tal aconteça é, manifestamente, muito diminuta, e que, face a uma aprendizagem que deveria ter ocorrido ao longo dos anos, algo deveria ter sido feito para antecipar o que consideramos ser uma óbvia inevitabilidade, mas o facto é que há quem se recuse a aprender, insistindo em erros que, mesmo que em diferentes âmbitos ou circunstâncias, se repetem sucessivamente.
E, no fundo, é exactamente este o planeamento efectuado, essencialmente esperar que alguém controle os danos e que a responsabilidade não seja atribuida a quem, pela sua negligência, permitiu que acontecessem, sempre na perspectiva de que alguém irá minimizar os danos, missão essa que, abusivamente, é atribuído a quem efectua missões de socorro e que, no fundo, se vê na contingência de corrigir os erros que os decisores políticos geraram.
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