quarta-feira, julho 08, 2020

O fim de um milagre - 6ª parte

No entanto, é manifesto que a opção governamental é trazer turistas a todos o custo, como forma de recuperar a economia, mas independentemente do preço a pagar pelas populações, do que resulta, naturalmente, o lamentável discurso a que temos assistido e onde a objectividade está completamente ausente, sendo subsitutuída pela demagogia resultante da interpretação facciosa de um conjunto de indicadores que, por muito espremidos que sejam, nunca confirmam a mensagem oficial.

Ao aceitar realizar a fase final de uma importante competição futebolistica internacional, isentando-a do pagamento de impostos, mesmo que possa decorrer à porta fechada, envia-se uma péssima mensagem, não apenas de subserviência, mas de indiferença face aos riscos inerentes a uma decisão, anunciada num clima de festa que nada tem a ver com a realidade nacional e que é incompreendida pelas populações.

Os próprios adeptos de futebol, e supomos que quem assista a programas sobre esta modalidade o sejam, pelo menos na sua maioria, num simples inquérito de opinião, que terá pouco valor científico, mas serve de indicador, revelaram ser, na sua grande maioria, contra a realização deste evento, sendo certo que a opinião popular não foi ouvida e, menos ainda, respeitada.

Assiste-se, portanto, a um crescente descontrole da situação pandémica, sobretudo em redor de Lisboa, sendo cada vez mais visível a conflitualidade entre decisores, que se responsabilizam mutuamente, enquanto tentam escapar ao julgamento popular, empurrando responsabilidades e culpas entre sí, sem que haja, da parte de qualquer deles, uma iniciativa no sentido de resolver os problemas que se agudizam.

Sem comentários: