Alguém esqueceu 2.000.000.000 de Euros? - 2ª parte

Acresce, ainda, a disrupção das cadeias logísticas, as perdas resultantes das alterações nas cadeias de frio, que afectam bens perecíveis, como alimentos ou medicamentos, bem como a necessidade de repor em marcha todo um conjunto de operações coordenadas enquanto se confere uma maior prioridade às acções mais urgentes, do que resulta um atraso acrescido para aquelas que sejam menos prioritárias e que, neste caso, podem ter um prejuizo superior.

Independentemente do valor correcto, ou da sua estimativa próxima, as perdas vão ter impacto visível no Produto Interno Bruto, sendo bem patente que o País não só não estava preparado para esta possibilidade, como a recuperação, caso necessária, foi igualmente descurada, sendo absurda a demora em repor a energia eléctrica na totalidade do território nacional.

Quanto à opção de adquirir a energia mais barata a Espanha sem ter em conta a segurança da rede, já demos a nossa opinião, sendo manifesto que obter o melhor preço tem uma maior importância do que a segurança nacional, de cada residente, e do próprio Estado, completamente impreparado e sem dispor de sistemas redundantes adequados, incluindo a nível de comunicações, essenciais para a gestão de crises.

Existe ainda uma vertente ideológica, sendo manifesto que a opção por energias renováveis tem ido para além do que a segurança do sistema permite, apontando-se para uma excessiva redução na utilização de outros tipos de energia, agravado pelas nomeações políticas, em detrimento da escolha de técnicos competentes, criando assim uma mistura explosiva que, não obstante os avisos e falhas anteriores, resultou no apagão, com todas as consequências que conhecemos.