quinta-feira, março 29, 2007

Áreas protegidas vão recorrer ao fogo controlado


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Incêndio no Verão de 2006

O recurso ao fogo controlado vai ser um dos processos de prevenir incêndios florestais no Verão de 2007.

A formação de técnicos do Instituto de Conservação da Natureza (ICN) já se iniciou, de forma a que as áreas protegidas dependentes deste organismo sejam protegidas através de zonas tampão que evitem a propagação das chamas.

Segundo Nuno Silva Marques, responsável pela protecção civil no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, o método a adoptar será o de usar o fogo controlado antes da época de maior calor, criando áreas ardidas que evitem à posteriori a propagação das chamas.

Também para Ascenso Simões, secretário de Estado da Administração Interna, esta técnica, aliada à limpeza das áreas florestais, será da maior importância para evitar fogos de grandes dimensões.

Para o secretário de Estado, é necessário que exista uma "melhor articulação" entre os responsáveis pelas várias áreas, de forma a conseguir-se "uma melhor utilização dos recursos que, devido aos défices orçamentais, não são muitos".

Estas técnicas de prevenção, que foram usadas durante décadas pelos antigos Serviços Florestais e cairam em desuso, com a perda de um "know how" precioso, demonstraram ao longo de décadas a sua valia numa altura em que os escassos recursos obrigavam ao uso de fogos controlados e contra-fogos.

Deve-se, no entanto, ter em atenção que o uso do fogo, quer para efeitos de prevenção, quer de combate, obriga a extremos cuidados e a um planeamento rigoroso, onde a experiência é essencial, pelo que não basta formação, por muito rigorosa que seja, sendo também necessário o acompanhamento no local por que tenha recorrido a estas técnicas.

Recentemente, houve situações de uso de fogos controlados que acabaram em incêndios, demonstrando o risco inerente a este método, sendo também de ter em conta que esta deve ser uma opção limite, dado que corresponde, em sí própria, na destruição de parte do património que se quer proteger.

Sendo favoráveis ao recurso ao fogo controlado, temos que alertar para tentações facilitistas, eventualmente derivadas de contingências orçamentais, que podem levar ao uso desta técnica como uma alternativa barata à limpeza das matas e ao ordenamento do território, algo que, infelizmente, nos parece possível de vir a acontecer sempre sob a justificação da prevenção dos incêndios.

Espera-se, pois, que esta técnica seja um complemento e não um substituto, para que o paciente, em vez de morrer da doença, não morra da cura.

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