quarta-feira, novembro 12, 2008

Suicídios na GNR quadruplicaram em dois anos - 2ª parte


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Militares da GNR durante uma missão

Se neste último aspecto, os agentes das forças de segurança partilharão dos mesmos problemas da maioria dos portugueses, sendo que um eventual aumento de suicídios deveria ser percentualmente equivalente ao da sociedade em geral, a vertente respeitante à especificidade da sua actuação e enquadramento profissional merece uma especial atenção.

Surgem como particularmente problemáticas o aumento da criminalidade violente e organizada, para a qual não existe uma preparação adequada da maioria dos elementos das forças de segurança, excluindo alguma unidades de elite cuja selecção e treino permite uma diferenciação, causando uma sensação de insegurança, de impotência e de permanente frustração que é agravada pela revisão das leis penais, sobretudo a nível do processo penal.

Serão estas últimas alterações que poderão ter provocado efeitos colaterais que, manifestamente, escaparam ao legislador, pois para além do efeito prático conhecido e facilmente quantificável que se traduz na redução do número de presos preventivos ou na libertação de muitos detidos presentes a Tribunal, está-se a introduzir um factor de tensão e de maior pressão que vai influir negativamente no desempenho e no próprio estado de espírito de quem, por vezes, arriscou a própria vida para cumprir a sua missão.

A vaga de suicídios entre elementos das forças de segurança deverá ser observada sob uma perspectiva mais abrangente, que inclua não apenas a vertente interna, mas o enquadramento social e legal em que estes actuam e que os condicionam não apenas do ponto de vista operacional, mas também a nível psicológico, originando situações graves de depressão que tendem a evoluir rapidamente no sentido negativo.

A GNR, e as restantes forças de segurança, pode e deve esforçar-se por dar o melhor acompanhamento aos seus efectivos, mas este é um problema que extravasa em muito os limites da própria instituição, pelo que é absolutamente necessário que participem da solução os vários ministérios, nomeadamente da Administração Interna, da Justiça e das Finanças, que através de legislação criam e condicionam o cenário onde actuam os respectivos agentes.

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